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O Menino-Problema que Virou Missionário – Duplicate – [#1888]

Testemunho

O Menino-Problema que Virou Missionário

História de um Jovem Sertanejo do Vale do Piancó

Nesta seção de testemunhos contaremos a história de nossos alunos, tanto os atuais quanto os que já concluíram seus cursos. É o caso de José Denis, que formou-se no Curso de Formação Teológica em 2021. Conheça a sua história.

Meu nome é José Denis. Sou missionário na IEB (Igreja Evangélica Batista), na cidade de Serra Grande (Pb). Me converti aos 13 anos de idade, graças ao projeto da primeira igreja Batista de Igaracy, chamado “embaixadores do Rei”. Era um time de futebol. Para participar tínhamos que estar nas reuniões. Lá ouvíamos uma pequena reflexão da Palavra de Deus e entoávamos louvores. Essas reuniões foram o bastante para eu conhecer a Cristo, e me converti em uma delas.

A princípio minha mãe não acreditava que eu iria durar muito tempo na “lei dos crentes”, como eram geralmente chamadas as doutrinas das igrejas evangélicas no Sertão. Porém, com o passar do tempo, minha mãe percebeu minha perseverança na caminhada cristã e resolveu fazer uma visita na igreja que eu frequentava. A princípio ela não gostava muito dos crentes, mas foi pouco a pouco atraída pelo evangelho, e acabou aceitando a Jesus como Senhor de sua vida. Minha mãe e eu acabamos nos batizando no mesmo dia.

Sempre fui um adolescente que dava trabalho aos pais. Quando criança fui levado, muitas vezes, ao Conselho Tutelar, por ser agressivo e briguento. Meu pai é alcoólatra, o que sempre trouxe muito constrangimento para mim na adolescência, e anos mais tarde levou meus pais a se separarem.

Eu não sabia ler até aos 13 anos de idade. Isso mudou depois que me converti. Minha sede de conhecer o Deus que me transformou foi maior do que qualquer dificuldade. Três meses após minha conversão aprendi a ler e a escrever. Meu Pastor na época, Tarcísio Curinga, conseguiu uma bolsa de estudo no Colégio Batista de Igaracy, para que eu pudesse estudar, mas havia um problema: a professora da sala em que eu iria estudar, sabendo do meu passado, não queria me ter como aluno e disse que se eu fosse para o colégio ela não me daria aula. Foi necessário o pastor Tarcísio intervir dizendo que eu era uma pessoa mudada, o que fez a professora se acalmar. Porém, no primeiro dia de aula joguei uma cadeira em outro aluno, e fui parar na secretaria da escola. Levei uma “bronca daquelas”, mas voltei à escola no outro dia arrependido e disposto a agir como um cristão de verdade. Foi nessa época que comecei a me interessar por música, e hoje uso isso como forma de alcançar outros jovens e adolescentes, ensinando-os tanto a tocar como a conhecer a palavra de Deus.

Com o passar do tempo percebi que queria levar para outros jovens Aquele a quem eu tinha conhecido: Cristo. Surgiu, então, o interesse da minha liderança em me enviar para o Seminário; entretanto, eu não queria isso a princípio, pois acreditava saber demais acerca da Bíblia. Porém, cedi e acabei indo para o Seminário Sertanejo da Missão Juvep em Itaporanga (Pb). Neste lugar o meu orgulho foi quebrado. Percebi que não era tão “conhecedor da Bíblia” como eu pensava. O seminário foi essencial para uma brusca mudança do meu caráter. Antes eu era alguém que tinha um certo preconceito com outras igrejas, principalmente as pentecostais. Eu achava que só os Batistas estudavam a Bíblia; todavia, Deus me mostrou que o cristianismo não era aquele “mundinho” que existia na minha cabeça, e que tinha muitas outras coisas para aprender, e estou aprendendo-as até hoje.

Como falei no início, hoje sou missionário na IEB da cidade de Serra Grande (Pb), meu primeiro ministério. Vim para esta cidade um mês antes da pandemia de Covid-19; mas a pandemia não impediu a igreja de crescer. Quando cheguei havia 8 membros, mas hoje contamos com 18 batizados e quase 30 frequentadores. Trabalho com relacionamentos através de um projeto chamado PGM (Pequenos Grupos Multiplicadores), que tem produzido muito efeito na expansão da igreja. Trabalho, também, dando aula de música para todas as faixas etárias Além disso, desenvolvemos um projeto de esportes com crianças e adolescentes.

Exercer o ministério no Sertão é difícil. É uma região de terra seca, calor extenuante e escassez de água. Esses grandes desafios são bem característicos do contexto físico do semiárido nordestino. Do ponto de vista social percebe-se famílias desestruturadas, alto índice de violência familiar, abusos, vícios, não existência de registros formais, analfabetismo e extrema pobreza. Somados a tudo isso, a forte tradição do culto aos “santos” e o sincretismo histórico do catolicismo com as culturas indígena, cigana e quilombola, tornam essa região um desafio muito grande para missionários e pastores.

Essa influência católica fica clara ao ouvirmos o sertanejo repetir o velho jargão: “meu pai era católico, vou morrer católico”. Ou então: “ Minhas leis são as que Deus deixou” (se referindo ao catolicismo). Entretanto, não vejo a religiosidade como um empecilho; tudo depende da forma como nós, cristãos evangélicos, nos colocamos diante dessas dificuldades. O problema é não sabermos falar com as pessoas, nos comunicarmos com elas ou não termos a certeza daquilo que falamos. Isto, sim, dificulta o alcance desse povo tão sofrido.

Apesar de todas essas dificuldades, nunca pensei em desistir da obra; muito pelo contrário, quero, cada vez mais, levar o evangelho a muitas pessoas, mudar o ambiente hostil, mas não pelo o que eu sou ou pelo que eu tenho, e, sim, pelo poder do Deus a quem eu prego. Aqui tive a oportunidade de ensinar, instruir e batizar as pessoas que aprendi a amar, e espero, ao longo da minha vida, fazer isso muitas e muitas vezes.

Neste ano, pela graça de Deus e com o apoio de algumas instituições missionárias, brasileiras e estrangeiras, que nos ajudaram com oração e contribuição financeira, conseguimos comprar um terreno para a construção do templo. Já batemos a sapata e desejamos, se Deus permitir, terminar essa construção até dezembro próximo.

Nota do seminário: Os obreiros sertanejos trabalham, na maioria das vezes, em condições difíceis e com muitas limitações. Apoiá-los é uma forma importante de promover o evangelho no Sertão. Caso deseje se tornar parceiro ministerial de José Denis, entre em contato conosco pelos canais descritos no rodapé desta página.

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O Menino-Problema que Virou Missionário

História de um Jovem Sertanejo do Vale do Piancó

Nesta seção de testemunhos contaremos a história de nossos alunos, tanto os atuais quanto os que já concluíram seus cursos. É o caso de José Denis, que formou-se no Curso de Formação Teológica em 2021. Conheça a sua história.

Meu nome é José Denis. Sou missionário na IEB (Igreja Evangélica Batista), na cidade de Serra Grande (Pb). Me converti aos 13 anos de idade, graças ao projeto da primeira igreja Batista de Igaracy, chamado “embaixadores do Rei”. Era um time de futebol. Para participar tínhamos que estar nas reuniões. Lá ouvíamos uma pequena reflexão da Palavra de Deus e entoávamos louvores. Essas reuniões foram o bastante para eu conhecer a Cristo, e me converti em uma delas.

A princípio minha mãe não acreditava que eu iria durar muito tempo na “lei dos crentes”, como eram geralmente chamadas as doutrinas das igrejas evangélicas no Sertão. Porém, com o passar do tempo, minha mãe percebeu minha perseverança na caminhada cristã e resolveu fazer uma visita na igreja que eu frequentava. A princípio ela não gostava muito dos crentes, mas foi pouco a pouco atraída pelo evangelho, e acabou aceitando a Jesus como Senhor de sua vida. Minha mãe e eu acabamos nos batizando no mesmo dia.

Sempre fui um adolescente que dava trabalho aos pais. Quando criança fui levado, muitas vezes, ao Conselho Tutelar, por ser agressivo e briguento. Meu pai é alcoólatra, o que sempre trouxe muito constrangimento para mim na adolescência, e anos mais tarde levou meus pais a se separarem.

Eu não sabia ler até aos 13 anos de idade. Isso mudou depois que me converti. Minha sede de conhecer o Deus que me transformou foi maior do que qualquer dificuldade. Três meses após minha conversão aprendi a ler e a escrever. Meu Pastor na época, Tarcísio Curinga, conseguiu uma bolsa de estudo no Colégio Batista de Igaracy, para que eu pudesse estudar, mas havia um problema: a professora da sala em que eu iria estudar, sabendo do meu passado, não queria me ter como aluno e disse que se eu fosse para o colégio ela não me daria aula. Foi necessário o pastor Tarcísio intervir dizendo que eu era uma pessoa mudada, o que fez a professora se acalmar. Porém, no primeiro dia de aula joguei uma cadeira em outro aluno, e fui parar na secretaria da escola. Levei uma “bronca daquelas”, mas voltei à escola no outro dia arrependido e disposto a agir como um cristão de verdade. Foi nessa época que comecei a me 

interessar por música, e hoje uso isso como forma de alcançar outros jovens e adolescentes, ensinando-os tanto a tocar como a conhecer a palavra de Deus.

Com o passar do tempo percebi que queria levar para outros jovens Aquele a quem eu tinha conhecido: Cristo. Surgiu, então, o interesse da minha liderança em me enviar para o Seminário; entretanto, eu não queria isso a princípio, pois acreditava saber demais acerca da Bíblia. Porém, cedi e acabei indo para o Seminário Sertanejo da Missão Juvep em Itaporanga (Pb). Neste lugar o meu orgulho foi quebrado. Percebi que não era tão “conhecedor da Bíblia” como eu pensava. O seminário foi essencial para uma brusca mudança do meu caráter. Antes eu era alguém que tinha um certo preconceito com outras igrejas, principalmente as pentecostais. Eu achava que só os Batistas estudavam a Bíblia; todavia, Deus me mostrou que o cristianismo não era aquele “mundinho” que existia na minha cabeça, e que tinha muitas outras coisas para aprender, e estou aprendendo-as até hoje.

Como falei no início, hoje sou missionário na IEB da cidade de Serra Grande (Pb), meu primeiro ministério. Vim para esta cidade um mês antes da pandemia de Covid-19; mas a pandemia não impediu a igreja de crescer. Quando cheguei havia 8 membros, mas hoje contamos com 18 batizados e quase 30 frequentadores. Trabalho com relacionamentos através de um projeto chamado PGM (Pequenos Grupos Multiplicadores), que tem produzido muito efeito na expansão da igreja. Trabalho, também, dando aula de música para todas as faixas etárias Além disso, desenvolvemos um projeto de esportes com crianças e adolescentes.

Exercer o ministério no Sertão é difícil. É uma região de terra seca, calor extenuante e escassez de água. Esses grandes desafios são bem característicos do contexto físico do semiárido nordestino. Do ponto de vista social percebe-se famílias desestruturadas, alto índice de violência familiar, abusos, vícios, não existência de registros formais, analfabetismo e extrema pobreza. Somados a tudo isso, a forte tradição do culto aos “santos” e o sincretismo histórico do catolicismo com as culturas indígena, cigana e quilombola, tornam essa região um desafio muito grande para missionários e pastores.

Essa influência católica fica clara ao ouvirmos o sertanejo repetir o velho jargão: “meu pai era católico, vou morrer católico”. Ou então: “ Minhas leis são as que Deus deixou” (se referindo ao catolicismo). Entretanto, não vejo a religiosidade como um empecilho; tudo depende da forma como nós, cristãos evangélicos, nos colocamos diante dessas dificuldades. O problema é não sabermos falar com as pessoas, nos comunicarmos com elas ou não termos a certeza daquilo que falamos. Isto, sim, dificulta o alcance desse povo tão sofrido.

Apesar de todas essas dificuldades, nunca pensei em desistir da obra; muito pelo contrário, quero, cada vez mais, levar o evangelho a muitas pessoas, mudar o ambiente hostil, mas não pelo o que eu sou ou pelo que eu tenho, e, sim, pelo poder do Deus a quem eu prego. Aqui tive a oportunidade de ensinar, instruir e batizar as pessoas que aprendi a amar, e espero, ao longo da minha vida, fazer isso muitas e muitas vezes.

Neste ano, pela graça de Deus e com o apoio de algumas instituições missionárias, brasileiras e estrangeiras, que nos ajudaram com oração e contribuição financeira, conseguimos comprar um terreno para a construção do templo. Já batemos a sapata e desejamos, se Deus permitir, terminar essa construção até dezembro próximo.

Nota do seminário: Os obreiros sertanejos trabalham, na maioria das vezes, em condições difíceis e com muitas limitações. Apoiá-los é uma forma importante de promover o evangelho no Sertão. Caso deseje se tornar parceiro ministerial de José Denis, entre em contato conosco pelos canais descritos no rodapé desta página.